domingo, 19 de agosto de 2012


CAPÍTULO 2

Na manhã seguinte, pus a mochila às costas e saí de casa. Entre outras coisas, levei comigo um livro, um caderno e uma caneta... andava já há algum tempo a pensar em escrever algo que refletisse aquilo que eu sentia, que eu via ao meu redor, que me conseguisse dizer um pouco mais sobre quem eu pensava ser... e passeei o Sábado até encontrar um lugar sossegado onde pudesse ler e escrever à vontade.
As ruas por onde passei descreviam a euforia da noite anterior: noite de calor, fim-de-semana... toda a gente saíra à rua!
Passei pela Igreja Nova de Almada, onde, para além de umas pessoas com olheiras que revelavam terem estado a velar um defunto durante toda a noite, entravam noutra porta do edifício, na sua maioria, velhas de lenços negros na cabeça, curvadas pelos xailes da vida, pela solitária viuvez e pela submissão ao dogmatismo. Iam para a missa da manhã, algumas já de terço na mão. Aquela igreja de arquitectura moderna e paredes de cimento crú cinzento como o catolicismo, não tocava sinos para chamar os fiéis: eles, simplesmente, apareciam. Velhos em sua maioria, rendidos ao inevitável e á procura de remissão - não fosse aquele ser mesmo o caminho para a salvação do provável inferno anunciado pela instituição. Áquela hora poucas eram as pessoas não idosas que para ali se dirigiam.
Colado á igreja ficava o jardim Dr. Alberto Araújo, mas praticamente todos o chamavam, simplesmente, de Jardim de Almada. Com as suas enormes árvores a jogarem-se para o céu, as copas semi-ondulantes com a brisa fraca, ainda morna e a fresca sombra que delas caía, tornava-se inevitável o convite ao abrigo da já considerada praga de pombos que fustigava a cidade.
Lá ao fundo, no outro extremo do jardim, já na Praça Gabriel Pedro, erguia-se o autoritário edifício do tribunal de Almada, que, mesmo fechado, fazia conter algumas ideias mais subversivas.

Atravessei o jardim, passando pelo lago onde, durante os dias mais quentes, tantas vezes se viam crianças de cuecas a tomarem banho. Este lago tinha a resguardá-lo um mural triste assinado por Cargaleiro, o qual bem se harmoniava com o cinzento da igreja, numa arquitectura ditadurial sombria que se estendia, não só na igreja e no lago, mas por todo o jardim. Com o passar do tempo, a Câmara Municipal de Almada lá foi tendo a ousadia de alterar o aspecto algo mórbido que havia pelos cantos daquele espaço, começando pelo meio - onde espécies mais exóticas de flores coloridas se evocavam a si mesmas a quem passava, protegidas por alegres resguardos de madeira para canteiros - até alcançar os pontos mais recônditos daquele parque de lazer.
Ouvi crianças energéticas que já brincavam com os risos matinais no parque infantil que havia lá dentro, acompanhadas pelos pais, ou, mais certamente, pelos avós. Depois subi as escadas de escapatória que dão para o quartel dos Bombeiros Voluntários de Almada e continuei a subir até chegar á rua Capitão Leitão.
Com a respiração um pouco ofegante, constatei que naquela rua predominavam pontas de cigarro e papéis; embalagens de plástico e cartão, jogadas no chão sem nenhum cuidado. Espalhadas, garrafas vazias que haviam enchido cabeças... e vomitados nos cantos mais imprevistos.
      Áquela hora, o Sol baixo da manhã já subia as ruas e até já batia em algumas paredes e jardins. Áquela hora já os antigos combatentes das guerras do ultramar (e não só) estavam metidos nos cafés que se estendiam ao longo da que nos tempos antigos se chamava rua Direita (a rua Capitão Leitão), a beberem a bica da manhã e a fumarem o cigarro que talvez não fosse o primeiro, acompanhados por um martini, um moscatel. As tascas também já estavam abertas e alguns até já tomavam o seu primeiro copo de três, de bagaço, ou de aguardente. Muitos daqueles eram antigos operários dos estaleiros navais e das fábricas do concelho de Almada e do concelho do Seixal, que haviam fechado. Maior parte deles tinham passado naquelas empresas maior parte das suas vidas, sonhando e trabalhando na construção de uma vida com mais qualidade após o fim da ditadura em 25 de Abril de 1974, com uma existência mais cómoda e segura do que aquela que a infância e a juventude lhes oferecera no Alentejo, no Ribatejo, no Norte de Portugal: eram os primeiros anos pós-ditadurial e pós-guerra colonial. Porém, passados somente cerca de quinze anos após a pacífica revolução de 74, aqueles homens sofreram repetidamente com os longos meses sem receberem ordenados - o que já anunciava o fim de suas vidas proletárias naqueles complexos industriais, estaleiros navais e ciderurgias - para, depois de tudo, serem despedidos, ou, como poucos, antecipadamente reformados.
Muitos estavam ali, na condição de serem novos demais para se reformarem e velhos demais para trabalharem e serem aceites nas novas empresas do mercado de trabalho. Sofriam com a falta, ou insuficiente, qualificação profissional em relação ás exigências duma nova sociedade cada vez mais tecnológica e computorizada.
Passei pelo Largo do Chafariz José Alaiz, onde se condensava a quantidade de papéis, copos de plástico, garrafas de cerveja e pontas de cigarro. Alguém dormia no imenso banco de pedra que ficava colado à lateral de uma das centenárias casas que circundavam o pequeno largo. Algumas pessoas tomavam bicas e bolos de pastelaria no café do largo. Continuei a minha caminhada pela Rua Capitão Leitão, espreitando para dentro dos cafés e das tascas, onde as geraçãos mais antigas despertavam o Sábado.
Como o desenvolvimento que o império a que estávamos subjugados incutia nas gerações mais jovens a necessidade de migração para o litoral – principalmente, para a zona de Lisboa e Setúbal – o movimento das massas exigia que muitos edifícios fossem construídos. Após os despedimentos em massa. a salvação para muitos daqueles ex-combatentes do ultramar, foi ingressar na construção civil em pequenas e médias empresas já existentes, ou criadas por alguns deles, que não tinham sido tão profundamente tocados pelo espírito da desmotivação que, abutre, planava por todo o país e que ainda tinham conseguido encontrar dentro si a pujança para construir algo.
      Aquelas pequenas empresas de construção civil sustentaram-se nos pilares erguidos pelas companhias multinacionais que consquistavam o mercado de trabalho em Portugal com projectos megalómanos e europeizados que foram surgindo um pouco por todo o território nacional, como a Expo 98, em Lisboa (ex-líbris da arquitectura moderna em Portugal), os colossais empreendimentos comerciais Centro Comercial Colombo (o segundo maior espaço comercial da Peninsula Ibérica na altura em que fora construido também em Lisboa) e o Caiscais-Shopping, em Cascais; ou, mais futuramente, o Forum Romeu Correia, em Almada (ainda maior, devastadoramente maior, do que qualquer outro que até ali tinha sido construido no território nacional). Aqueles empreendimentos eram a imagem da tendência para projectos megalomanos que existia na alma portuguesa - herança dos tempos em que Portugal ainda não existia como nação, herdada dos tempos da civilização megalítica que deu origem aos dólmens e ás antas do Alentejo e mais futuramente (estendendo-se para norte) ás do resto do país.
      A tendência para se lançar em obras megalíticas fora a mesma que dera ímpeto cinco séculos antes ao projecto áureo dos descobrimentos e que ainda em finais do século vinte - mesmo viajando a nação pelo novoeiro sebastianista - se revelava na construção daquels edifícios e complexos culturais e comerciais, completamente incoerentes com o desenvolvimento do resto da nação e tantas vezes considerados pela população como despropositados.
Aqueles projectos eram, porém, em vaidade política provinciana, ridiculamente pavoneados aos olhos do estrangeiro, por não se descobrir mais nada com que acenar ao exterior.
      Mas a crise da alma portuguesa era tão inertemente sonâmbula que fazia com que, aqueles mesmos do povo que, como velhos do Restelo, resmungavam críticas negativas enquanto os projectos eram construidos - dizendo que o dinheiro que ali era investido seria muito mais bem utilizado  na  saúde,  na  educacão, "- Os idosos com pensões de miséria e estes gajos aqui a gastarem milhões!!!" - eram os mesmo que iriam vestir-se a rigor para ir com a família á inauguracão de tais obras e passear com as mesmas os fins-de-semana familiares, tal e qual como quem antigamente se vestia a rigor para, ritualmente, ir ás missas nas manhãs de Domingo.
      Muitos daqueles pequenos negócios de construção civil que ajudaram a erguer os projectos megalômanos multinacionais acabaram por desaparecer devido ao abrandamento da construção civil e devido também á enorme concorrência que havia umas entre as outras, tão grande fora a quantidade de pequenas empressas daquele tipo que haviam surgido até ao período de transição para o nono milénio.     
      Mas, afinal, as fábricas e os estaleiros que haviam despedido os antigos combatentes do ultramar... não tinham sido elas e eles que haviam empurrado Almada e todo o distrito de Setúbal, para prosperar e crescer no comércio, na cultura, no desporto e em tantas outras áreas? Aquelas empresas, por volta dos anos sessenta e setenta, tinham sido a promessa de uma vida melhor para aqueles que sobreviveram ás guerras coloniais e à ditadura salazarista que Portugal vivera! Quando tais empreendimentos começaram a cair na falência, a falharem ordenados, a despedir operários aos milhares e a fecharem ante a competição cínica dos financeiros da elite nacional e estrangeira, aqueles milhares de ex-combatentes, ou não, assim como as suas famílias, passaram um mau bocado: primeiro a guerra, depois – iludidos pelo fim da ditadura de que tudo iria melhorar - os ordenados em atraso, seguidos por o desemprego, as dívidas e por fim, resistindo à pobreza, a instabilidade profissional perante qualquer coisa que aparecesse para fazer, a fim de ganharem algum dinheiro.
O estado, como sempre, abandonára-os!
      Para ajudar no clima de depressão e descrença, não foram poucos os casos em que alguns vieram a ter filhos toxicodependentes, vítimas do flagelo feio, baixo e doente (por parte dos consumidores, mas mais por parte dos traficantes e fornecedores!) que eram a heroína, a cocaína e as drogas em geral que contaminaram Portugal em grande peso, em consequência da abertura das fronteiras do país para o mundo, após a revolução dos cravos de 74. Evidentemente que as drogas já circulavam no pais antes daquela data, porém, posteriormente, a quantidade e a variedade daquelas substâncias aumentou descalabrosamente e as repercursões na vida dos portugueses em geral foi incrivelmente terrível!
      Outros operários, que tinham os filhos em universidades, ou em escolas secundárias, tão longe de serem baratas e facilmente acessíveis ás famílias mais carenciadas (apesar da propaganda política vangloriar-se que o ensino em Portugal era gratuito) até tiveram, na altura, de os tirar dos estudos por não terem como os pagar, e outros... e outros... um enorme rol de consequências que tocaram cada casa, cada família e cada pessoa à sua própria maneira e só quem passara pela experiência da crise é que poderia descrever o que sentiu e viveu... e ainda vive... por isso era natural que, áquela hora da manhã, alguns deles afogassem as mágoas do passado, ou do presente, bebendo! - já que, o país pelo qual tinham lutado, os tinha desamparado.
      Passei em frente à Sociedade Filarmónica Incrivel Almadense (mais conhecida como, simplesmente Incrível), no largo da Câmara Municipal de Almada. Do outro lado, no Tobi, a paisagem era semelhante aos dos outros estabelecimentos por onde tinha passado, (como por exemplo o Café Imperial) repleto de terceira idade. O Estrela da Manhã, igual, apesar de mais pequeno.
      Em Almada, para além de se refletir a nítida intenção por parte de algumas ordens, clubes e associações internacionais em criar uma crise global - com o intuíto de erguer uma nova ordem mundial, com um só sistema bancário no mundo, uma só moeda, um só sistema legislativo, entre outras coisas globalizantes e uniformes - outra coisa que ajudou a que a crise económica se instalasse de um modo tão forte em Portugal foi o aumento estrondoso e repentino da densidade populacional no litoral do país a partir dos anos 80: isto era reflexo, apesar de tudo, da qualidade de vida material (material, note-se!) ter melhorado e a natalidade ter crescido com ela. Para além da maior facilidade e segurança que o povo sentiu em ter filhos, o crescimento populacional era reflexo também do êxodo dos meios rurais, onde a vida estagnara e o mercado de trabalho, praticamente, era inexistente devido à falta de investimento das grandes empresas em zonas mais remotas do país. Por isso as pessoas deixavam o interior - onde a promessa de uma vida melhor nas cidades fora-lhes sorrir através das revistas de papelaria e da televisão – e mudavam-se para os grandes centros urbanos.
A crescente densidade populacional era devido, também, à entrada de muitos estrangeiros em Portugal, oriundos, essencialmente, do Brasil, Angola, Cabo Verde e nos ultimos anos, da antiga União Sovética, principalmente, da Ucrânia, sendo que os ucranianos haviam-se tornado a maior percentagem de estrangeiros em Portugal em apenas alguns anos. Aqueles estrangeiros, tal e qual como as pessoas dos meios rurais portugueses, haviam deixado a sua terra natal em busca de uma vida melhor, fugindo da miséria física, da pobreza espiritual da sua terra e muitas vezes, até da guerra.
“- Bom dia!” – cumprimentou-me o Meireles, um dos ciganos que frequentava Almada Velha.
      “- Bom dia, Meireles! Como vai isso?” – perguntei.
      O olhar murcho enfeitado pelas olheiras negras e o encolher de ombros contaram-me coisas mil sobre a  noite de 6ª Feira dele.
      Entretanto, naquela manhã, continuavam nos cafés, os reformados de empresas, dos estaleiros, ou de outra coisa qualquer, como das forças armadas, das corticeiras, das metalúrgicas. Já haviam passado mais de três décadas desde a revolução de 25 de Abril de 1974, que nos livrara da ditadura. Almada crescera. O concelho já tinha mais de cem mil habitantes e longe de ser a vila onde todas as pessoas se conheciam e sabiam da vida umas das outras, ia lá eu saber a história da vida de todos eles. Nem queria! O sistema de controle sobre a vida das pessoas somente cabia aos governos doentes e desonestos, temerosos de que alguém colocasse em causa o seu poder governamental, por isso sabia lá eu da vida de cada um.
Pessoalmente, eu sentia-me a governar pouquíssima coisa, incluindo a minha própria vida, uma vez que, a meu ver, para além de manipulado pelas forças governamentais ocultas que agiam acima da lei a que o normal cidadão tinha que se sujeitar, eu era também governado por uma Força Universal infinitamente Poderosa, Sábia e Amantíssima. Crendo nisto, não tinha medo! Logo, não precisava de controlar ninguém. Inevitavelmente, sabia por alto a história da vida de uma, ou outra pessoa. E reunindo aquilo que via e ouvia e aquilo que sabia da história de Almada, de Portugal e do mundo, junto com a minha própria experiência de vida, tive a ousadia de escrever o que os meus olhos viram ter sido a vida de Almada. Talvez o que aqui vêem descrito não fosse exactamente o que era, ou o que os outros viam, ou o que os outros gostariam que tivesse sido... mas era o que os meus olhos observavam e era o meu modo de ver as coisas.
      O que é certo é que, naqueles cafés e naquela manhã, uns liam o jornal, outros viam televisão, mas todos faziam o seu consumo entre conversa. Geração distante da minha, marcada na cara com rugas de quem passara uma vida inteira a fazer caretas à própria vida... ou a vida é que lhes fizera caretas a eles? Pessoas coscuvilheiras, metendo-se na vida uns dos outros, tal e qual tinham recebido (e ainda recebiam), como exemplo, dos seus governos. Parecia que no mundo tinha deixado de haver o modo de lutar que lhe pertencia (sindicalista e associativo) tão rápida era a transformação da cultura portuguesa e da sua rotina diária em estrangeirismo material e capitalismo de informação imediata. Mas não! O modo de luta que mais resultava para, pelo menos, chamar a atenção das massas para com qualquer facto específico em relação ao modo operandis do sistema governativo, eram ainda o associativismo e o sindicalismo, as greves e as manifestações, os movimentos populares organizados. Porém, como o povo estava a identificar-se cada vez mais com o sistema materialista de consumo imediato, aqueles homens sentiam-se postos de parte, como se estivessem a ser meros espectadores, sentados, impotentes, perante a acção decadente e em decadência que se desenrolava na tela e da qual eles estavam a ser parte também.
O povo já se estava a identificar, a agir e a stressar (é de fazer notar que o termo stress só começou a ser utilizado naquele século) com o sistema totalitarista que conquistava nação após nação, desculturalizando de um modo tão súbtil como jamais se vira ser feito por qualquer outro império, ou por qualquer senhor da guerra: só que aquilo estava a acontecer em todo o lado e em todos os países do mundo, os quais, irremediavelmente, tiveram de aderir áquele sistema de coisas onde, mais do que nunca, o dinheiro falava mais alto.
A poluição cerebral era contínua em várias vertentes!
         Continuei pela Rua Dom José de Mascarenhas, onde se situava,  antigamente, o Hospital de Almada.

4 comentários:

  1. Muito interessante...e que tal uma «rota» pelo local de Ensaio das cantadeiras de Alma Alentejana?
    O Alentejo não tem fim!

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  2. Prezadas Cantadeiras de Almada, adoraria incluir-vos no livro, porém este livro foi concluído há cerca de 5 anos atrás... e neste momento vivo no Brasil, o que inviabiliza qualquer alteração no sentido sugerido por vós. No entanto, fico deveras feliz pelo vosso comentário: a minha mãe é alentejana e corre em mim a energia dos montes e serros. Bem haja!

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  3. Caro amigo tenho lido com atenção toda a sua escrita, noto alguma semelhança com o meu conterrâneo Romeu Correia, escrita para todos, um percurso por esta nossa terra, nomes que não foram escritos, que tão bem eu os conheço, talvez por um passado algo semelhante mas sem desistência por um futuro melhor. O sonho comanda a vida.

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    1. Fico contente que venha seguindo esta viagem pela nossa querida cidade. A semelhança com a escrita do Romeu Correia, caso exista, é feita de forma inadvertida, uma vez que pouquíssima influência tive da sua obra (só li um livro dele há mais de 20 anos atrás). Entretanto, os nomes não revelados ficam ao critério da nossa imaginação, da nossa própria memória desvendar: acredito que muitas das personagens que viremos a encontrar até ao final do livro possam ter vários nomes, diferentes caras, já que cada um irá ver a Almada que ele próprio conhece. Abraços de esperança num futuro mais risonho para toda a nação!

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