terça-feira, 25 de setembro de 2012


CAPÍTULO 8

         A segunda coisa mais complicada de lidar que eu encontrei na vida, foram as relações humanas.
A primeira fui eu mesmo.
Era muito complicado ser eu e ao mesmo tempo encontrar a maneira correcta de agir, a maneira correcta de falar, assim como as palavras certas a utilizar em cada momento e em cada situação afim de não prejudicar os outros, de encontrar a harmonia e o equilíbrio na relação comunicativa de mim para com eles e deles para comigo e ao mesmo tempo, caminhar na direcção da minha própria felicidade. Como se costumava dizer: uma palavra “fora-do-sítio” e toda a comunicação e toda a harmonia comunicativa da relação ía “por-água-abaixo”.
Difícil, difícil era encontrar a via do meio, o meio termo das coisas, das situações e da vida.
Coisa que eu observei é que todas as pessoas, incluindo eu, procuravam a felicidade, embora muitas delas obtássem por utilizar caminhos muito longos e lentos para a alcançarem, muitas vezes fazendo sofrer as pessoas que se cruzavam em suas vidas.
Observei muitas vezes que uma pessoa magoava outra, não porque o desejasse fazer, mas porque a sua visão da vida era diferente da visão da vida que havia encontrado na outra pessoa, em determinada situação, num determinado momento - e não possuía sabedoria o suficiente para lidar com tal diferença. Até podia ser que, em outra situação, em outro tempo, a visão das duas se encontrasse em harmonia e a vibrar na mesma frequência. Mas perante tal hipotética situação, cada uma agia de modo divergente, agia do modo que achava mais justo, afim de restabelecer a alegria e a harmonia dentro do seu universo de sua visão de vida pessoal.
Cada pessoa agia, porém, de um modo ruidoso para com a outra pessoa quando tentava impor sua visão de vida à visão de vida da outra, o que dava a entender a cada um dos lados que o outro lado é que estava a ser injusto, já que não compreendia nem aceitava a visão da realidade alheia e não estava a escolher agir segundo o padrão que o outro achava que ser bom e justo.
Em minha visão de vida, o que acontecia era que ambas as partes procuravam ser justas e boas, só que, evidentemente, só o conseguiam fazer dentro dos limites que a sua visão sobre a vida alcançava, o que muitas vezes não se enquadrava dentro do campo de visão sobre a vida que a outra parte abrangia; o que bastava para que cada um dos lados começasse a colocar em causa a atitude da outra pessoa sem dar hipóteses a si mesmo de abrir sua mente e seu coração a novas prespectivas de vida. Com isto, bastava que um dos lados deixásse de ouvir, para deixar de haver harmonia na comunicação entre ambos, resultando acusações, ressentimentos, raiva e ódio, ou até mesmo violência verbal, física e morte.
Todas as pessoas procuravam ser justas, boas e verdadeiras, só que, os conceitos de bem e de mal eram coisas subjectivas: o que para uns era bom, para outros era mau... o que era bom para uma pessoa num determinado lugar, numa determinada situação, num momento, em outro lugar e em outro tempo e com outras pessoas (ou talvez até com as mesmas), passava a ser, para a mesma pessoa,  mau. Era preciso despertar a Sabedoria Inata para conseguir discernir estas diferenças e não viver segundo regras rígidas e inflexíveis para com todas as situações. De cultura para cultura o bem e o mal variavam: o que numa cultura era uma coisa banalíssima e corriqueira da vida, em outro ponto cultural do planeta, era motivo de condenação à morte.
O bem, geralmente e a nível mundano, definia-se como aquilo que não ia contra os parâmetros sociais, políticos, religiosos e culturais em que o mesmo bem era definido.
Porém, a um nível mais elevado de consciência, o bem definia-se como tudo aquilo que transportava o indivíduo para a felicidade, para a harmonia, para o respeito, para o amor, para o humor, para a liberdade, para a saúde e para tudo aquilo que fosse ao mesmo tempo benéfico para o indivíduo e para o todo em geral.  Afinal, a verdadeira felicidade era a capacidade de fazer os outros felizes, já que o amor não era egoísta, mas generoso. Por outro lado, o bem poderia não ser nada daquilo, pois, se puxássemos pela imaginação, conseguíamos sempre encontrar o oposto das coisas, contradições e dicotomias que deitavam por terra todas as verdades aparentes.
Essencialmente, o bem e o mal eram subjectividades e interesses.
Aliás, o bem e o mal nem sequer existiam: eram conceitos introduzidos pela cultura, pela política, pela religião, pela ciência, etc.
Em caso extremo... num exemplo extremo sobre a relatividade do bem e do mal... se, por exemplo, num dado instante, o planeta Terra explodisse e deixásse de existir na forma em que o conhecíamos e passasse e existir aos bocados, pairando aos pedaços no vazio do espaço, o que é que seria? Bom, ou mau?
Na prespéctiva humana seria terrivelmente mau, já que, em princípio, não restaria ninguém vivo.
 Mas se tal acontecesse para garantir a sobrevivência dos demais corpos celestes do Sistema Solar, para manter o equilíbrio das forças gravíticas dentro do mesmo e o equilíbrio de outros sistemas estrelares e planetários à volta do Sistema Solar, então, teria sido uma coisa bastante boa. Possivelmente, o explodir do planeta Terra até tivésse contribuído para a sobrevivência de outras civilizações, em outros planetas, em outros sistemas... Neste caso, o bem e o mal evidenciam-se notoriamente subjectivos, sujeitos à lei da relatividade.
Tal exemplo, apesar de extremo, mostra que os conceitos de bem e mal não existiam e eram coisas criadas por nós: o bem e o mal tinham a amplitude da nossa Consciência: se a Consciência fôsse infinita, os conceitos de bem e de mal transmutár-se-iam naquilo que resultaria, ou não resultaria, para alcançarmos os objectivos que nos proponhamos a alcançar.
Filosoficamente, tudo é fácil de compreender e aceitar... mas, fizéssem lá compreender e aceitar tal prespéctiva - de que o bem e o mal não existiam - ao coração a uma mãe que vira o seu filho, criança, ser morto na guerra?
Como já vimos, o bem e o mal não existiam e todas as pessoas procuravam ser felizes.
Coisa que eu via acontecer em Almada e em todo o lugar onde fôsse era que se alguém se desviásse, demasiadamente, daquilo que os parâmetros sociais em que estava inserido definiam como correctos, tal pessoa era, moralmente, julgada no meio da praça pelo povo, mesmo que tal pessoa lá não estivesse para se defender. O que acontecia era que, certos indivíduos iam aproveitar tal oportunidade - em que o outro pisara em falso, fora dos conceitos e das leis temporais instituídas naqule ponto geográfico - para se mostrarem, perante a opinião alheia dos seus conterrâneos, que eram justos, bons e verdadeiros, ao defender aquilo que o seu meio social chamava de justo, bom e verdadeiro. Abriam a boca na praça para acusar, difamar e desacreditar o outro que não estava presente. Quem estava presente iria, inconscientemente, partir do princípio de que, quem estava a abrir a boca para acusar e falar do outro tal, era porque não tinha medo que os dedos se voltassem contra ele, pois era uma pessoa justa, boa e verdadeira e a sua vida imaculada de culpa. Logo, não por acções - que falavam mais alto do que qualquer palavra - mas por, simplesmente, ter a ousadia de abrir a boca em público para acusar alguém, ganhava-se a fama de justo, bom e verdadeiro. Tal pessoa ficava a ser temida por os demais porque tinha a ousadia de abrir a boca em público para acusar aqueles que eram “injustos”, “maus” e “falsos”. E aquela era uma fórmula que muitas pessoas utilizavam para entrarem no mundo da política governamental, futebolística, etc.: quando surgia alguém que se tivesse desviado demais dos parâmetros que, instituicionalmente, se achavam correctos, chegavam-se à frente, acusavam os outros e passavam a ser conhecidos e reconhecidos como pessoas justas, boas e verdadeiras, que defendiam as coisas justas, boas e verdadeiras.
O que eu via era que as pessoas falavam e acusavam as outras para afastarem os olhos alheios de si mesmas, para ninguém reparar nos seus podres e poderem ganhar mais poder e mais dinheiro e mais poder e mais dinheiro...
Mas, independentemente de todas estas posturas e comportamentos poderem ser catalogados de bons, ou maus, certos, ou errados, justos, ou injustos, eu sentia que qualquer uma daquelas pessoas estava a dar o seu melhor para deixar de sofrer e encontrar a verdadeira felicidade... tantas vezes à custa da felicidade alheia. E porque buscavam, praticamente todas as pessoas, a felicidade, utilizando métodos menos sóbrios de o fazer, em que prejudicavam os outros e mais cedo, ou mais tarde, a si mesmas? Simples: porque não sabiam fazer melhor!
A educação vivificante de uma verdadeira busca espiritual sobre o sentido da vida baseada numa verdadeira doutrina espiritual de amor era raríssimo encontrar nos meios civilizacionais daquela época. Logo, os indivíduos não podiam ser incriminados por procurar serem felizes utilizando o método que o sistema lhes ensinava desde a mais tenra idade, método tal, baseado nos valores da competição (invés da entre-ajuda) e da acomulação de riquezas (invés da partilha).
Assim sendo, onde se poderia encontrar naquele tempo os verdadeiros valores que faziam as civilizações funcionarem de forma a não produzirem miséria material e espiritual? Maior parte das religiões e dos movimentos espirituais existentes, ora estavam desactualizados em relação ao desenvolvimento tecnológico e intelectual que se vivia, ora eram utilizados como meios de alienar a população dos intuitos empresariais e políticos dos Senhores do Mundo. Logo, onde estavam guardados os verdadeiros Tesouros da humanidade?
Nas Escolas de Mistérios que não haviam sido infiltradas e dominadas pelas forças negativas que procuravam escravizar o mundo com suas ambições imperialistas.

 CAPÍTULO 9

Estás farto da Vida
E já nada faz sentido?

Sai para a rua
E vai vadiar.
Perde-te na vida
Deambula
Sem saber para onde ir
O que fazer
Ou com quem ir ter.

Sente-te doido e perdido
Pois, só doido e perdido
Sentes saudade
E desejo
De voltares para casa
Capaz de sentires
O que é regressar fiel a ti próprio.
  
CAPÍTULO 10

Eu Sou Vida.
e Vida é Amor.
Deus é Amor.
Se Vida é Amor e Deus é Amor,
logo,
Deus é Vida.
Se Eu Sou Vida e Deus é Vida.
logo,
Deus Sou Eu e Eu Sou Deus.

Deus é tudo,
logo,
tudo é Deus.

Tudo são as pedras,
as árvores,
os animais,
as pessoas,
os planetas,
as estrelas,
as galáxias
e todo o Universo.
Se Deus é tudo
e tudo são as pedras,
as árvores,
os animais,
as pessoas,
os planetas,
as estrelas,
as galáxias
e todo o Universo,
logo,
Deus são as pedras,
as árvores,
os animais,
as pessoas,
os planetas,
as estrelas,
as galáxias
e todo o Universo.

O Universo é o corpo de Deus.
O Universo é a manifestação física de Deus.
Não existe parte nenhuma do Universo da qual se possa dizer:
"- Isto não é Deus."
Porque Deus é tudo e tudo é Deus.

Logo,
Eu Sou Deus
a respirar Deus,
a comer Deus,
a beber Deus,
a andar em Deus,
a amar Deus,
a praticar sexo com Deus,
a falar com Deus,
a escrever para Deus...
...porque Deus és tu.

Eu Sou Deus e Deus é tudo.
Logo,
Eu Sou tudo.
E se Deus é tudo,
logo,
Deus és tu e tu és Deus.
E se Eu Sou Deus,
logo,
Eu Sou tu.
Tu és Eu.
Afinal, não há tu,
nem há eu.
Somente a ilusão de que tudo é separado e distinto...
Eu Sou Deus.
Deus é tudo.
Eu Sou tudo e tu também.
Não há dois “tudos”.
Só há Eu.

 CAPÍTULO 11

“- Quem sou Eu?”
“- Eu Sou O que Eu Sou.”

“- Onde estou Eu?”
“- Aqui.”

“- De onde vim Eu?”
“- D’Aqui.”

“- Para onde vou Eu?”
“- Para Aqui.”

“- Que faço Eu Aqui?”
“- Descubro. Lembro.”

“- Descobres e lembras O quê?”
“- O que Eu Sou.”

“- E O que Sou Eu?”
“- Eu Sou O.”
“- Sou O quê?!”
“- O que Eu Sou é O que Eu Sou. Eu Sou O que Sou Eu.”
“- Sou O?!...”
“- Ou A.”
“- A?!”
“- O e A são a mesma coisa. Compreendes que tudo é só Um. A Verdade é conhecida porque experimentas e vives isso mesmo. Logo, não há feminino, nem masculino.”

“- E qual é a Verdade?”
“- ...”
“- Não me respondes?!”
“- Sim, respondo.”
“- E qual é a Verdade?”
“- ...”
“- Não compreendo esse silêncio.”
“- Como mostro Eu a Verdade por palavras? As palavras são o reflexo do espírito neste nível de paradoxos, logo, nunca conseguirão dar a entender os níveis mais elevados de Consciência, de Conhecimento e de Sabedoria em que a dualidade não é conceito. Quando digo “Verdade” implica que existe uma “mentira”. Mas não existe mentira, porque tudo é só uma coisa: tudo existe, logo tudo é verdadeiro. E ao exprimírmo-nos verbalmente sobre a Verdade, deixamos sempre algo de fora que não conseguimos exprimir por palavras e se algo está de fora, é porque não estamos perante a Verdade, mas, no máximo, perante uma parcela dela, uma verdade relativa.”
“- Penso que estou a compreender a ideia que me estás a querer transmitir. Dizes tu que, neste plano, vivemos a verdade relativa, somente um dos reflexos da Verdade. Dizes que não podemos exprimir a Verdade Absoluta por palavras. Então, porque é que estamos aqui a falar sobre Ela?”
“- Quando dizes “palavras” implica que existe “silêncio”. Se dizes “reflexo” implica que existe “sujeito” e “objecto”. Se dizes “nunca” é porque existe “sempre”. E esta realidade paradoxal pertence a este nível mundano, onde as coisas parece que estão separadas, distintas, individualizadas, independentes umas das outras: há o dia e a noite, a chuva e a seca, a sede e o saciar da sede. Em níveis mais altos os paradoxos não existem e por mais que tentemos o contrário, isto é inexprimível em termos mundanos. Ou experimentas, ou não sabes. Intelectualizas por analogias simbólicas e pensas saber. Porém, admira-te, meu irmão, a Sabedoria vem quando desaparecem a inteligência, o pensar, o imaginar, o sonhar e qualquer tipo de concepção mental. A Sabedoria manifesta-se quando desaparecem todos os reflexos desta mesma Sabedoria.” 

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